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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A corrida contra o Tempo

Hoje, uma das características marcantes nas pessoas é o imediatismo. Todos têm pressa. Pressa de ficar rico, de adquirir coisas, de realizar seus sonhos, pressa de viver. Parece que até o tempo está com pressa.

Lembro-me da minha infância em uma cidade pequena do interior de Minas Gerais, sem televisão, sem internet, sem condução (só passava o trem duas vezes por dia em direções opostas). As notícias vinham do Rio de Janeiro, através de "O Jornal", e chegavam com dois ou três dias de atraso. A vida caminhava pachorrenta, sem pressa de passar...

Parece que o tempo rendia mais. Meu pai tinha padaria e trabalhava durante o dia e de madrugada também. Durante o dia ele negociava, conversava com amigos, brincava com os filhos e rachava lenha, para aquecer o forno; amassava 120 a 180 kg de farinha manualmente, e de madrugada ele cilindrava a massa manualmente e ainda tinha que encher a caixa d'agua com uma bomba que ele manejava também manualmente. As 5 h da manhã os pães já estavam sendo distribuidos nas janelas e a padaria estava recebendo os primeiros fregueses. Meus irmãos, a partir dos doze anos, ajudavam nas tarefas pesadas e atendiam no balcão; nós, as mulheres, fazíamos, pudins, bolos e todo o tipo de quitutes para vender e também atendíamos no balcão. Minha mãe subia e descia as escadas para assar os quitutes o dia todo. Mas parecia não ter pressa...

Éramos uma família com tempo para conversar, para receber amigos, para passear, para brincar, para ler, para estudar, para adorar a Deus, tínhamos culto doméstico todos os dias, impreterivelmente. Íamos ao culto durante a semana, e, aos domingos de manhã, lembro-me de meu pai de braços dados com minha mãe, caminhando para a Escola Bíblica Dominical, e a gente correndo e saltitando em volta deles. Havia uma regra lá em casa: quem não fosse à Escola Dominical, também não podia passear naquele dia de domingo.

Durante o culto papai ficava nos observando e se conversássemos durante o culto, quando chegávamos em casa ele perguntava sobre os textos bíblicos estudados e se não soubéssemos responder ele dizia: Viu? Estava conversando...

Papai gostava de conversar e era muito aberto para nosso tempo... Gostava que o obedecêssemos por respeito e entendimento. Ele nunca esperou uma obediência cega.

Hoje fico me perguntando. Por que com todos os recursos que temos hoje, nosso tempo nunca é suficiente? Estamos sempre correndo atrás do tempo...

Com um simples telefonema a gente compra, vende e gerencia. Com um simples telefonema cumprimos nosso papel social de cumprimentar as pessoas nas datas especiais, e de "visitá-las" por telefone.

No mundo globalizado as distâncias tornam-se pequenas. Com um simples toque no computador vemos e conversamos com pessoas do outro lado do mundo. Temos condução para todo o lado. E lá na roça, nos lugares mais afastados, as pessoas têm celular, televisão e até internet.

Por que será então que os pais não têm tempo para ensinar os filhos? Por que não temos tempo para curtir nossas relações afetivas? Por que é tão difícil conseguir tempo para o culto doméstico? Por que não temos tempo para a contemplação? Por que nos perdemos das pessoas por falta de tempo?

Isto me faz ter "saudade" da eternidade, quando não seremos mais limitados ou delimitados pelo tempo.

Enquanto escrevo fico pensando se as pessoas terão tempo de ler este texto. Mas se você chegou até o final da leitura, devo dizer que esta preocupação com o tempo, não é inédita e nem atual. Olhando para a Bíblia posso perceber que nossas prioridades é que determinam a qualidade e a rapidez do nosso tempo. Para Habacuque essa correria desenfreada é vã. (Habacuque 2:13) - "Porventura não vem do SENHOR dos Exércitos que os povos trabalhem pelo fogo e os homens se cansem em vão? "

Para o pregador em Eclesiastes, "TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". (Eclesiastes 9:11) - "Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos. ".

O tempo e a oportunidade de amar, de criar laços familiares fortes, de servir, de adorar a Deus, de viver em boas obras é agora. Nada, nem os recursos tecnológicos podem nos roubar o tempo de ver nossos filhos crescerem, de curtir nossos relacionamentos afetivos, de parar e contemplar as obras de nosso Deus.

Descansar no Senhor é viver abundantemente cada dia. É não ter pressa de sair da Sua presença. É parar de medir o tempo. Ele é o Senhor da eternidade e para ela Ele nos criou. Pare de correr contra o tempo e viva com qualidade o seu Presente.

Um comentário:

  1. Ei Cleuza,
    Eu li o texto até o final. Bonita a história do seu pai e família para dar conta do recado.É um grande desafio para nós hoje.
    DEUS abençoe você
    Pastor Sebastião Cezar

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